Sou universitária e gerente de RH de uma grande empresa, fui indicada a quatro anos atrás, quando estava iniciando minha faculdade em administração de empresas, meu tio que era um dos diretores na época foi quem me indicou, mesmo sendo ele um dos diretores, não tive nenhum privilégio, pois fiz várias entrevista e vários testes para medir minha capacidade, este foi meu primeiro emprego, fiz muitas amizades legais nesta empresa, uma delas foi uma amiga maravilhosa onde depositei toda minha confiança, confidenciava tudo com ela, inclusive os meus segredos mais íntimos, enfim era a minha melhor amiga, ela freqüentava minha casa e eu a casa dela, juntas íamos muito na casa do meu tio, onde ela adorava muito estar, dizia que a casa dele era um lugar de muita paz, harmonia e que ela um dia desfrutaria desta felicidade também. Eu nem imaginava que ela viesse a conhecer alguém e se casar um dia e construir uma família igual a do meu tio.Ela era adorada por todos da casa, pois ali havia uma simpatia incondicional.
Um certo dia meu tio viajou para um outro país, pois era diretor de uma empresa multinacional e viajou para fechar uma parceria com uma outra empresa, esta viagem lhe deixou ausente por uma semana. Neste mesmo período a avó da minha amiga estava entre a vida e a morte em um hospital em Goiânia onde ela residia com sua família.
Dois dias antes do meu tio viajar, alguém ligou para ela dizendo que a sua avó não estava bem e que a mesma veio a falecer. Uma semana após o falecimento da avó, minha amiga retornou ao trabalho e passou a agir naturalmente como se nada tivesse acontecido. Meu tio quando retornou da sua viagem dois dias depois do retorno da minha amiga, fechou a parceria com a empresa daquele país, resolveu fazer um churrasco para o pessoal daquele setor e a minha amiga como sempre estava comigo, foi ao churrasco. Em um determinado momento meu tio resolveu acender um cigarro e pegou o fósforo da churrasqueira, minha tia vendo isso, lhe perguntou onde estava aquele isqueiro que ela lhe deu no seu último aniversário e ele respondeu que havia perdido nesta viagem. Alguns meses depois, estava na casa da minha amiga, estávamos nos preparando para ir a um aniversário, ela do banheiro me pediu para pegar em sua bolsa o seu batom, quando a sua bolsa abri, lá estava o isqueiro do meu tio, sem saber o que fazer, procurei disfarçar mas não consegui, ela percebeu a minha indignação e a minha raiva neste momento. Lhe perguntei qual era o relacionamento com meu tio se não o comercial, e ela jurou não ter nada com meu tio. Suas palavras não me convenceram e daquele momento em diante a nossa amizade estava esfriando e qualquer consideração por ela deixou de existir.
Meses depois estava conversando com um amigo gerente de um banco e gerente da conta da minha amiga, a conversar estava muito bacana e ele deixou escapar inocentemente disse que a nossa amiga estava crescendo profissionalmente de forma encantadora na empresa e que recentemente havia viajado para o exterior. Neste momento tive uma sensação de estar sendo golpeada nas costas pela minha melhor amiga, em seguida liguei os fatos e vi que era tudo mentira quanto ao falecimento da sua avó, pois ela mentiu e armou tudo aquilo para viajar com meu tio. É claro que os dois premeditaram tudo para que ninguém desconfiasse de nada. Más como diz o ditado, a mentira tem perna curta e felizmente a verdade vem a tona. Os dois assumiram o relacionamento, meu tio se separou da sua esposa e de um relacionamento a mais de 20 anos. Meu tio com seus 52 anos, gatão e bem conservado, eu não imaginava este envolvimento com a minha amiga, apesar que ela é um mulherão com 26 anos e graduada em finanças, daquelas que quando anda na rua todo homem olha, ela é muito charmosa, e o meu tio não perdeu tempo, foi pra cima. Depois deste episódio ela se demitiu da empresa e o mesmo fez meu tio, só que a demissão dele a empresa não aceitou e pediu a ele para continuar no cargo. Um ano depois, meu tio descobriu que estava com câncer na garganta e que a doença estava muito avançada, mesmo com o tratamento, sua debilitação era visível, pois a doença parece que o consumia muito rápido. Ele fumava muito e além disso usava um spray para disfarçar o mau hálito causado pelo cigarro, segundo os médicos, isso também contribuiu. Com o avanço da doença, a empresa concedeu uma licença para que ele se dedicasse totalmente ao tratamento. As coisas aconteciam de forma rápida que ele até para ir ao banheiro estava precisando de ajuda da sua companheira. Enfim, ir ao banheiro, tomar banho e até comida na boca ela já estava dando.
Ela uma mulher bonita, atraente, do tipo da mulher que tem presença e quando chega, todo mundo olha, com seus 28 anos. Ele homem de presença marcante e charmoso, de gatão passou para o estilo cachorro magro e sem dono, pois sua doença se alastrava rapidamente que ele nem mesmo o peso do corpo estava suportando, se arrastando e precisando da ajuda das pessoas para se movimentar. Surpreendentemente, sua companheira um dia não agüentando mais a situação, colocou-o em um táxi e o levou para casa da sua ex mulher. Espantada e indignada com a atitude da atual mulher, mesmo assim o recebeu e o acolheu para uma casa onde ele jamais deveria ter se ausentado. Ali estavam seus filhos que apesar de tudo o amavam, minha tia não sei como teve forças e coragem para aceita-lo de volta e ainda debilitado e dependente das pessoas. Um dia lembro-me muito bem quando vi meu tio pedir perdão para minha tia e ela com aquele coração mole disse, olha, o que passou não tem mais importância, o importante é que vc está aqui e nós estamos ao seu lado cuidando de vc. Meu tio era um cara persistente e queria ouvir da boca da ex mulher o perdão. Um dia ele pediu para que ela sentasse na cama ao seu lado e segurou sua mão apertando contra seu peito, disse a ela para que o perdoasse, pois só assim descansaria em paz. Ela então disse a ele.. Você está perdoado, não tenho ódio de nada do que vc fez . Neste momento ela sentiu a pressão da sua mão diminuir até se soltar por completo das suas mãos. Foi nesse momento que o meu tio veio a falecer. Na situação que ele se encontrava, sua morte seria um descanso para ele e para os demais.
Resolvi escrever esta história talvez mais por um desabafo, pois não sei dizer o que é mais ruim, perdi uma amiga que tanto adorava, perdi um tio que até então para mim era um espelho, pois o admirava em sua atitudes, tanto no profissional quanto no pessoal.
Hoje acredito ter superado tudo, minha tia, meus primos e eu, levamos agora uma vida normal. Quanto aquela que dizia ser minha amiga, nunca mais a vi.
Não faço questão nenhuma em vê-la ou mesmo encontra-la, desejo que ela esteja bem de saúde e seja feliz.
Pensem e analisem esta historia e tirem suas próprias conclusões.
Obrigado a todos.
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